segunda-feira, 27 de junho de 2011

FINAIS NAO VIPS

RESULTADO DA FINAL NÃO VIPS

     CAMPEÃO        pratinha.     46 territórios       415 exércitos        04 Pontos
         2 lugar             Tiodigo      43 territórios       550 exércitos        03 Pontos
         3 lugar          Wolf-black   24 territórios       053 exércitos        03 Pontos
         4 lugar          barros_pdp   13 territórios       061 exércitos        00 Pontos
CAMPEÃO
NÃO VIPS
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RESUMO:
  barros_pdp  : 2 Lugar
    13 territórios      61 exércitos       01 Pontos
  Wolf-black   : VENCEDOR
    24 territórios      53 exércitos       03 Pontos
   Tiodigo    : 4 Lugar
    01 territórios      11 exércitos       01 Pontos
  pratinha.: 3 Lugar
    04 territórios      07 exércitos       01 Pontos
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RESUMO:
  barros_pdp  : Eliminado
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
  Wolf-black   : Eliminado
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
   Tiodigo    :
    42 territórios    539 exércitos       03 Pontos
  pratinha.: Eliminado
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
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RESUMO:
  barros_pdp  : ABANDONOU clique -->
    00 territórios      00 exércitos       -01 Pontos
   Wolf-black  : Eliminado
  00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
   Tiodigo    : ABANDONOU clique -->
    00 territórios      00 exércitos       -01 Pontos
 pratinha.: VENCEDOR
    42 territórios     408 exércitos       03 Pontos

terça-feira, 24 de maio de 2011

2º Campeonato Interno UAW CHAVE N1

PLACAR FINAL DA CHAVE N1
 CAMPEÃO     Wolf-black        52 territórios       412 exércitos       05 Pontos
     2 lugar          Gwarvip2010     37 territórios         218 exércitos         05 Pontos
     3 lugar           Roitman            16 territórios         153 exércitos         03 Pontos
     4 lugar          Poderoso           20 territórios         073 exércitos         01 Pontos               
CLASSIFICADO

PARA FINAL
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RESUMO:
 Poderoso : 2 lugar
    20 territórios      73 exércitos       01 Pontos
 warvip2010 : VENCEDOR
    18 territórios      43 exércitos       03 Pontos
 Roitman : ELIMINADO
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
 Wolf-black : 3 lugar
    04 territórios      28 exércitos       01 Pontos
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RESUMO:
 Poderoso : ELIMINADO
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
 warvip2010 : 4 lugar
    10 territórios    101 exércitos       01 Pontos
 Roitman : ELIMINADO
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
 Wolf-black VENCEDOR
    32 territórios    277 exércitos       03 Pontos
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******faltou contabilizar o japão******
RESUMO:
 Poderoso : ELIMINADO
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
 warvip2010 : 3 lugar
    09 territórios      74 exércitos       01 Pontos
 Roitman : VENCEDOR
    16 territórios    153 exércitos       03 Pontos
 Wolf-black : 2 lugar
    16 territórios    107 exércitos       01 Pontos

domingo, 22 de maio de 2011

2º Campeonato Interno UAW CHAVE N2

PLACAR FINAL DA CHAVE N2

    CAMPEÃO     pratinha.          54 territórios       167 exércitos      05 Pontos
       2 lugar         BernardoJF       38 territórios         199 exércitos         05 Pontos
       3 lugar         G4sper              25 territórios         108 exércitos         05 Pontos
       4 lugar         Decco               03 territórios          017 exércitos         02 Pontos
             
CLASSIFICADO
PARA FINAL
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RESUMO:
 Decco: Eliminado clique -->
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
 BernardoJF: 3 lugar
    05 territórios      31 exércitos       01 Pontos
 pratinha.: 2 Lugar
    19 territórios      43 exércitos       01 Pontos
 G4sper: VENCEDOR
    18 territórios      63 exércitos       03 Pontos
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RESUMO:
 Decco: 3 lugar
    06 territórios      23 exércitos       01 Pontos
 BernardoJF: 2 lugar
    14 territórios      71 exércitos       01 Pontos
 pratinha.: VENCEDOR
    21 territórios      58 exércitos       03 Pontos
 G4sper: 4 lugar
    01 territórios      15 exércitos       01 Pontos
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RESUMO:
 Decco: 4 lugar
    03 territórios      17 exércitos       01 Pontos
 BernardoJF: VENCEDOR
    19 territórios      97 exércitos       03 Pontos
 pratinha.: 2 Lugar
    14 territórios      66 exércitos       01 Pontos
 G4sper: 3 lugar
    06 territórios      30 exércitos       01 Pontos

2º Campeonato Interno UAW CHAVE N3

PLACAR FINAL DA CHAVE N3
    CAMPEÃO     tiodigo         86 territórios         000 exércitos         07 Pontos
      2 lugar           *_BL00_*     19 territórios       000 exércitos        04 Pontos
       3 lugar         P@ULO!       16 territórios         000 exércitos         02 Pontos
        4 lugar         --C.S--          00 territórios          000 exércitos         01 Pontos
CLASSIFICADO
PARA FINAL
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RESUMO:
 *_BL00_* : VENCEDOR
    13 territórios      00 exércitos       03 Pontos
 tiodigo   : 2 lugar
    17 territórios      00 exércitos       01 Pontos
  P@ULO!    : 3 Lugar
    12 territórios      00 exércitos       01 Pontos
 --C.S--  : ELIMINADO
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
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RESUMO:
 *_BL00_* : 3 Lugar
    04 territórios      11 exércitos       01 Pontos
 tiodigo   : VENCEDOR
    29 territórios      00 exércitos       03 Pontos
  P@ULO!    : 4 Lugar
    04 territórios      04 exércitos       01 Pontos
  --C.S--   : 2 lugar
    05 territórios      07 exércitos       01 Pontos
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RESUMO:
 *_BL00_* : CAPITULOU
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
 tiodigo   : VENCEDOR
    40 territórios      00 exércitos       03 Pontos
  P@ULO!    : ELIMINADO
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
 --C.S--  : ELIMINADO
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos

sábado, 21 de maio de 2011

2º Campeonato Interno UAW CHAVE N4

PLACAR FINAL DA CHAVE N4
    CAMPEÃO    barros_pdp   45 territórios       148 exércitos        06 Pontos
         2 lugar          Nortonfmg    39 territórios       105 exércitos       05 Pontos
         3 lugar            Biro Biro    27 territórios       072 exércitos        03 Pontos
         4 lugar            Edimorf     15 territórios       039 exércitos        03 Pontos
CLASSIFICADO
PARA FINAL
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RESUMO:
  barros_pdp  : VENCEDOR
    21 territórios      91 exércitos       03 Pontos
  Edimorf   : 4 lugar
    02 territórios      06 exércitos       01 Pontos
   Biro Biro    : 3 Lugar
    03 territórios      08 exércitos       01 Pontos
  Nortonfmg   : 2 lugar
    16 territórios      41 exércitos       01 Pontos
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RESUMO:
  barros_pdp  : ELIMINADO
    00 territórios      00 exércitos       00 Pontos
  Edimorf   : 3 lugar
    05 territórios      15 exércitos       01 Pontos
   Biro Biro    : 2 lugar
    21 territórios      59 exércitos       01 Pontos
  Nortonfmg   : VENCEDOR
    16 territórios      45 exércitos       03 Pontos
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RESUMO:
  barros_pdp  : VENCEDOR
    24 territórios      57 exércitos       03 Pontos
  Edimorf   : 2 lugar
    08 territórios      18 exércitos       01 Pontos
   Biro Biro    : 4 lugar
    03 territórios      05 exércitos       01 Pontos
  Nortonfmg   : 3 lugar
    07 territórios      19 exércitos       01 Pontos

REGULAMENTO DO 2º CAMPEONATO INTERNO UAW

REGULAMENTO



1°)  Chaves:
As semifinais serão em jogos de 4 pessoas, o campeão de cada chave sairá da melhor de 3 confrontos, respeitando a soma da pontuação de todos eles.
A grande final se dará em uma melhor de 3 confrontos com os 4 campeões de cada semifinal.
A criação das partidas podem ser feitas por qualquer dos participantes, respeitando o nome e senha padrões.


2°) Pontuação:
O sistema se dará da seguinte forma:
Vitória – 3 Pontos
Derrota com exércitos em jogo – 1 ponto
Derrota com eliminação (0 territórios) – 0 pontos
Capitular – 0 pontos
Abandono -  -1 ponto


3°) Desempate:
Caso haja empate em número de pontos serão respeitados os seguintes critérios de desempate:
1 – soma de todos os territórios ao final de cada jogo
2 – soma do número de exércitos ao final de cada jogo
3 – jogo extra, em caso de vitória de outro oponente segue a mesma ordem.


4º)  Da confirmação:
É obrigatório o envio de prints do resultado final de cada partida, caso não seja enviado, será desconsiderada a partida por falta de registro, pois precisamos para caso de verificações posteriores, também caso haja abandono necessitamos do print do momento, senão ao final não teremos como saber.


5°) Do tempo da partida:
As jogadas padrões do campeonato serão de “1 DIA”, mas envio na planilha o contato de todos os participantes, caso haja alguma exceção e queiram alterar o tempo, basta ser previamente combinado com a própria chave, precisando ser informados os administradores do clã para não haver futuros problemas.




6°) Premiação:
Para o campeonato dos NÃO-VIPS a premiação é a seguinte:
Campeão – 5 estrelas
Vice-campeão – 2 estrelas (caso já seja vip 1 ou 2 terá seu upgrade para 5)
3° Colocado – 2 estrelas (caso já seja vip 1 ou 2 terá seu upgrade para 5)

Para o dos VIPS:
Campeão – 5 estrelas
Sendo esse último feito da seguinte forma, entregaremos uma conta zerada 5 estrelas, caso o campeão esteja com as estrelas vencendo, ele terá a livre escolha ou de renovar as suas ou pegar a nova.

7°) Divisão dos campeonatos:
Visando dar oportunidade a todos jogarem, vamos separar os campeonatos da seguinte forma.
Não-Vips vão englobar também os vips 1 e 2, pois temos bastante vips 5 no clã e só eles fecharão as chaves.
Vips serão todos os vips 5 do clã.

8°) Considerações finais:
Esse campeonato tem o principal intuito de fazer com que haja uma interação cada vez maior dentro do clã para que possamos nos manter no topo crescendo cada vez mais, a premiação serve como estímulo para o pessoal tornando o campeonato mais atrativo, porém que fique bem claro que apesar de valer estrelas, não significa que possamos ultrapassar algum limite de desrespeito com o adversário, isso será monitorado. Acredito que todos somos bem “grandinhos” para entender que nós, os administradores, fazemos isso pois gostamos do jogo e principalmente dos amigos que o site nos proporcionou conhecer e não admitiremos confusões. Desejamos a todos uma boa diversão e uma boa sorte a todos, esperamos repetir o sucesso no 2° campeonato para continuarmos a proporcioná-lo. Qualquer dúvida e/ou sugestão, favor entrar em contato conosco. Que nosso tempo despendido na organização valha bastante a pena e vocês possam ter uma disputa saudável e equilibrada.



Contatos:

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Historia do jogo DIABLO

Ex-Libris Horadrim

Livro I - Do Céu e do Inferno

"O Grande Conflito"

Desde o princípio, as forças da luz e da escuridão estabelecem uma guerra eterna: O Grande Conflito, cujo triunfador surgirá das cinzas apocalípticas para ostentar o domínio sobre toda a criação. Para alcançar este objetivo, os Anjos do Paraíso seguem estritas disciplinas militares. Os Serafins guerreiros atacam os inimigos da luz com espadas banhadas na ira e na justiça. Os Anjos crêem que somente a disciplina absoluta pode restaurar adequadamente a ordem aos milhares de reinos, enquanto que os demoníacos habitantes dos Infernos Ardentes acham que o caos absoluto é a verdadeira natureza de todas as coisas.

As batalhas do Grande Conflito propagam-se através do tempo e espaço, transgredindo até mesmo a realidade. Desde o Arco de Cristal no coração do Paraíso até a Arcana Forja Infernal do Mundo Inferior, os guerreiros destes reinos eternos viajam para onde quer que seu conflito atemporal os leve. As façanhas legendárias dos heróis dos reinos vão mais além, produzindo veneração e inspiração.

O maior destes heróis foi Izual, primeiro-tenente do Arcanjo Tyrael e portador da Lâmina Rúnica Angelical, Azurewrath, também chamada de Ira Azur. Em certa ocasião, desferiu um feroz ataque sobre a Forja Infernal, justamente quando a criação da lâmina demoníaca Shadowfang estava a ponto de se finalizar. Sua missão era destruir arma e portador - uma tarefa que estava destinado a nunca completar. Izual foi vencido pelas legiões do caos e, tragicamente, virou-se à favor da escuridão. Seu destino é o juramento do fato que Anjos e Demônios entrariam sem temer em qualquer domínio - mesmo que seus odiados inimigos ali habitassem.

Mesmo com o Grande Conflito prolongando-se por mais tempo que as estrelas no céu, nenhum dos grupos conseguiu dominar o outro por muito tempo. Ambas as facções procuraram formas de virar a maré da guerra à seu favor. Com a ascensão do Homem e seu reino mortal, o Grande Conflito chegou à um misterioso clímax. Ambos os exércitos detiveram-se desalentados em um ponto neutro, esperando para ver de que lado o Homem tomaria partido quando chegasse a hora.

Os mortais possuíam a habilidade única de escolher entre a luz e a escuridão, e acreditava-se que este seria o fator decisivo para o resultado do conflito. Assim, os agentes dos reinos do além desceram ao reino dos mortais para obter os favores do homem...



"A Guerra do Pecado"

A chegada do Grande Conflito ao reino mortal ficou conhecida como A Guerra do Pecado. Anjos e Demônios disfarçados misturavam-se entre os homens, tentando secretamente converter os mortais às suas respectivas causas. Com o tempo, as forças da escuridão perceberam que os mortais reagiam muito mais à força bruta que à sutileza, assim, começaram a aterrorizá-los com a submissão. Os Anjos lutaram para defender a humanidade desta opressão demoníaca, mas com freqüência seus métodos austeros e castigos severos acabavam por alienar àqueles que queriam proteger.

As violentas batalhas da Guerra do Pecado alastraram-se, mas raras vezes eram presenciadas pelos suplicantes olhos do homem. Só uns poucos "iluminados" eram conscientes dos seres sobrenaturais que caminhavam em meio à multidão. Poderosos mortais surgiram para se engajar à Guerra do Pecado, aliando-se à ambos os lados. As legendárias façanhas destes grandes guerreiros mortais serviram para despertar o respeito e o ódio dos mundos do além. Ainda que os demônios menores se acercassem daqueles que possuíssem poder e força, também amaldiçoavam a existência do homem mortal. Muitos destes demônios acreditavam que as mortes causadas pela aparição do homem eram uma perversa ofensa à seu papel "superior" no grande esquema das coisas.

Este sentimento provocou infames e atrozes atos de violência contra o reino mortal. Alguns homens descobriram este profundo ódio e o utilizaram contra os habitantes do mundo inferior. Um destes mortais, Horazon o Invocador, divertia-se invocando demônios e corrompendo-lhes a vontade. Horazon, junto com seu irmão Bartuc, era membro do clã Oriental de feiticeiros conhecido como Os Vizjerei. Este clã místico estudava os hábitos dos demônios e havia catalogado seus conhecimentos durante gerações. Favorecido por tais conhecimentos, Horazon apoderou-se da obra dos Vizjerei e a perverteu para seus dementes propósitos. Os habitantes do inferno queriam vingar-se deste mortal, mas Horazon mantinha-se bem protegido no interior de seu santuário arcano.

Bartuc, seu irmão, foi arrastado para a escuridão, onde ganhou uma força excepcional e uma extraordinária longevidade para lutar junto com as legiões do inferno contra os malditos Vizjerei e, em certo momento, contra seu próprio irmão na Guerra do Pecado. Embora Bartuc fosse famoso entre os guerreiros de vários reinos, seu domínio em batalha cobrava um terrível preço. Uma insaciável sede de sangue mortal predominava sobre cada um de seus atos e pensamentos. Bartuc tornou-se tão convicto a beber e banhar-se no sangue de seus inimigos que em certo ponto ficou conhecido apenas como o Senhor Guerreiro do Sangue.

"O Exílio Sombrio"

"Sete é o número dos poderes do Inferno, e Sete é o número dos grandes demônios"

Duriel, o Senhor da Dor
Andariel, a Donzela da Angústia
Belial, o Senhor das Mentiras
Azmodan, o Senhor do Pecado

Estes são os nomes reais dos menores dos Grandes Demônios. Durante incontáveis eras cada um deles governou seu próprio domínio nos Infernos Ardentes, buscando domínio absoluto sobre seus irmãos infernais. Enquanto os Quatro Menores lutavam continuamente pelo controle das forças que habitavam seus reinos, os Três Grandes ostentavam o poder absoluto sobre o inferno. Os Quatro Menores utilizaram sombrias e malvadas medidas em sua busca de poder e assim começa a lenda do Exílio Sombrio.

Mephisto, o Senhor do Ódio
Baal, o Senhor da Destruição
Diablo, o Senhor do Terror
Estes são os Demônios Primários do inferno, que elaboraram seu poder como um escuro triunvirato soberano. Os Três Irmãos governaram sobre os Quatro Menores com força brutal e maliciosa astúcia. Sendo os mais antigos e fortes dos demônios, os Irmãos foram responsáveis por incontáveis vitórias contra os exércitos da luz. Embora nunca mantivessem o domínio sobre o Paraíso por muito tempo, os Três eram temidos com razão entre seus inimigos e outras criaturas.

Com a ascensão do homem e a subseqüente paralisação do Grande Conflito, os Três Irmãos começaram a dedicar suas energias para corromper as almas mortais. Eles se deram conta que o homem era a chave da vitória na guerra contra o Céu, de forma que alteraram os planos que haviam tão fielmente seguido desde o princípio. Esta mudança fez com que muitos dos demônios menores questionassem a autoridade dos Três, o que causou um grande abismo entre os Demônios Primários e seus servidores.

Em sua ignorância, os demônios menores começaram a crer que os Três estavam com medo de continuar a guerra contra o Céu. Frustrados pelo cessar da guerra, Azmodan e Belial viram a situação como uma oportunidade de derrotar os demônios primários e assumir o controle do inferno. Os dois senhores demônios fizeram um pacto com seus irmãos menores, assegurando que a praga maldita da humanidade não interferiria na vitória definitiva dos filhos do inferno. Azmodan e Belial planejaram reiniciar as batalhas, conseguir a vitória na Guerra do Pecado e finalmente cavalgar a crista sangrenta do Grande Conflito diretamente para os braços do Armagedon. Sendo assim, movimentou-se uma grande revolução na qual todo o inferno foi à guerra contra os Três Irmãos...

Os Irmãos combateram com toda a selvageria do Mundo Inferior, e para seu respeito, aniquilaram um terço das legiões traidoras. No entanto, ao final foram derrotados pelos Mortos Chifrudos liderados por Azmodan e Belial. Os demônios primários, fisicamente debilitados, foram banidos ao reino mortal, onde Azmodan esperava que ficassem presos para sempre. Ele acreditava que com os Três liberados sobre a humanidade, os Anjos veriam-se obrigados a dirigir seus esforços para o plano mortal - deixando assim as portas do Céu abandonadas e indefesas. Os poucos demônios que ainda eram fiéis aos Três Irmãos escaparam da ira de Azmodan e Belial, indo ao reino do homem em busca de seus Amos perdidos.

Enquanto o fogo da cruel luta morria nos campos de batalha do inferno, Azmodan e Belial começaram a discutir sobre qual deles seria a mais alta autoridade. O pacto que haviam feito aos poucos foi se desfazendo, enquanto os dois senhores demônios levantavam-se um contra o outro. As legiões infernais que restaram, dividiram-se entre os senhores, o que causou uma sangrenta guerra civil que dura até hoje...

"O Encarceramento dos Três"

Nas épocas passadas, antes da ascensão dos Impérios Ocidentais, as sombrias e terríveis entidades conhecidas como os Três Demônios, foram exiladas no mundo dos homens. Estas entidades eternas vagaram pelo mundo alimentando-se do desejo do homem, desejando caos e aflição a cada passo. Os demônios jogaram pai contra filho e conduziram nações inteiras às estúpidas e brutais guerras. Seu exílio do inferno os deixou com um insaciável desejo de trazer dor e sofrimento à todos aqueles que não se curvaram diante deles, assim os Três Irmãos devastaram as terras do futuro Oriente durante intermináveis ciclos.

Em certa ocasião, uma secreta ordem de magos mortais foi criada pelo enigmático Arcanjo Tyrael. Esses feiticeiros deviam caçar os Três Demônios e por um fim ao seu violento comportamento. A ordem, conhecida como os Horadrim, consistia de feiticeiros procedentes de diversos e numerosos clãs de magos do Oriente. Realizando práticas e disciplinas mágicas, esta estranha irmandade conseguiu aprisionar dois dos Irmãos no interior de poderosos artefatos chamados Pedras Alma. Mephisto e Baal, encerrados dentro dos turbulentos limites espirituais das Pedras Alma, foram enterrados abaixo das dunas das desoladas areias orientais.

Os poderes do ódio e da destruição pareceram diminuir no Oriente, enquanto uma nervosa paz pairava sobre a terra. Apesar disso, os Horadrim continuaram sua desesperada busca pelo terceiro Irmão, Diablo, durante muitas décadas. Eles sabiam que se o senhor do terror permanecesse em liberdade, Jamais haveria uma paz duradoura no reino da humanidade.

Os Horadrim seguiram o rastro de terror e anarquia que se estendia pelas terras do Ocidente. Depois de uma grande batalha que custou as vidas de muitas almas valorosas, o Senhor do Terror foi capturado e encerrado no interior da última das Pedras Alma por um grupo de monges Horadrim liderados pelo iniciado Jered Cain. Estes monges levaram a pedra maldita para a terra de Khanduras e lá a enterraram dentro de uma caverna selada às margens do rio Talsande. Sobre essa caverna, os Horadrim ergueram um grande monastério para que pudessem continuar salvaguardando a Pedra Alma. Com o passar das eras, os Horadrim construíram uma rede de catacumbas abaixo do monastério para abrigar os restos mortais dos mártires de sua Ordem.

Gerações se passaram em Khanduras e o número de Horadrims diminuiu gradativamente. Sem mais cruzadas para empreender, a então poderosa Ordem desfez-se na escuridão. Logo, o grande monastério que haviam construído também caiu em ruínas. Embora aldeias crescessem e prosperassem nas cercanias do velho monastério, ninguém sabia das escuras passagens secretas que se estendiam sob a terra fria abaixo dele. Ninguém podia imaginar a ardente pedra roxa que latejava no coração do labirinto...

Ex-Libris Horadrim
Livro II - O Retorno do Terror

"As Terras de Khanduras"

Anos depois da morte do último dos Horadrim, uma grande sociedade prosperou nas terras do Ocidente. Com o passar do tempo, muitos peregrinos estabeleceram-se nas terras que cercavam Khanduras e logo ergueram pequenos reinos auto-suficientes. Alguns desses reinos disputavam com Khanduras a posse de propriedades e rotas comerciais. Estas brigas pouco fizeram para abalar a duradoura paz do Ocidente e o grande reino nórdico de Westmarch demonstrou ser um forte aliado, onde ambas as terras estabeleciam relações de troca e comércio.

Durante essa época, uma nova e audaz religião da luz conhecida como Zakarum, começou e estender-se por todo o reino de Westmarch e pelos seus principados do norte. Zakarum, fundada no Leste Oriental, implorava aos seus seguidores que entrassem na luz e expulsassem a escuridão de suas almas. O povo de Westmarch adotou os estatutos de Zakarum como sua missão sagrada no mundo. Westmarch começou a correr atrás de seus vizinhos, esperando que também abraçassem este "novo começo". Surgiram tensões entre os reinos de Westmarch e Khanduras quando os sacerdotes de Zakarum começaram a pregar seus dogmas estrangeiros, fossem eles bem-vindos ou não.

Foi então que o grande senhor do norte conhecido como Leoric chegou às terras de Khanduras e, em nome de Zakarum, declarou-se rei. Leoric era um homem profundamente religioso e levou consigo muitos cavaleiros e sacerdotes que formavam sua Ordem da Luz. Leoric e seu conselheiro de confiança, o Arcebispo Lázarus abriram caminho até a cidade de Tristam. Leoric apoderou-se do antigo e decrépito monastério das cercanias da cidade para convertê-lo na sede de seu trono e o renovou para restaurar sua antiga glória. Embora o povo livre de Khanduras não concordasse com o súbito governo de um rei estrangeiro, Leoric os serviu com justiça e poder. Com o tempo, o povo de Khanduras respeitou ao bom Leoric, sentindo que ele só queria guiá-los e protegê-los contra as opressões das trevas.




"O Despertar"

Não muito depois de Leoric apossar-se de Khanduras, um poder há muito adormecido despertou nos escuros corredores que haviam abaixo do monastério. Sentindo que a liberdade estava ao seu alcance, Diablo entrou nos pesadelos do Arcebispo e o arrastou ao sombrio labirinto subterrâneo. Em seu terror, Lázarus correu pelos abandonados corredores até que por fim chegou à câmara da ardente Pedra Alma. Sem controle sobre sua mente e espírito, ergueu a pedra sobre sua cabeça e pronunciou as palavras há muito tempo não eram ouvidas no mundo dos mortais. Com sua vontade dominada, Lázarus lançou a Pedra Alma contra o chão. Uma vez mais Diablo retornava ao mundo dos homens. Embora liberto de seu confinamento da pedra, o senhor do terror ainda estava muito debilitado devido ao seu longo sono e necessitava de um vínculo com o mundo. Uma vez encontrada uma forma mortal na qual pudesse instalar-se, poderia voltar a recuperar seu poder grandiosamente reduzido, O grande demônio examinou as almas que residiam na cidade exterior e decidiu tomar a mais forte delas - a do rei Leoric.

Durante muitos meses, o rei Leoric combateu secretamente a presença maligna que retorcia seus pensamentos e emoções. Sentindo que estava possuído por algum demônio desconhecido, Leoric ocultou seu escuro segredo de seus sacerdotes, esperando que de alguma maneira sua devota resistência bastasse para exorcizar a corrupção que crescia em seu interior - mal sabia ele o quanto enganado estava. Diablo agarrou o coração do ser de Leoric, queimando e destruindo toda a honra e virtude de sua alma. Lázarus também estava dominado pelo mal, mantendo-se perto de Leoric em todo momento. Lázarus trabalhava para ocultar da Ordem da Luz os planos de seu novo Amo, esperando que o poder do demônio aumentasse bem escondido entre os servos de Zakarum.

Os sacerdotes de Zakarum e a cidade de Khanduras perceberam a desconcertante mudança em seu governante. Sua então orgulhosa e imponente forma distorceu-se e deformou-se. O rei Leoric delirava cada vez mais e ordenava a execução imediata de qualquer um que se atrevesse a questionar seus métodos e autoridade. Leoric começou a enviar seus cavaleiros a outras aldeias para subjugar seus habitantes. O povo de Khanduras que havia crescido apenas para ver a grande honra que possuía seu governante, agora chamava Leoric de o Rei Negro.

Levado à beira da loucura pelo Senhor do Terror, o rei Leoric lentamente perdeu seus amigos e conselheiros mais próximos. Lachdanan, capitão dos cavaleiros da Ordem da Luz e valoroso campeão de Zakarum, tratou de investigar a natureza da deterioração de seu soberano. Mas a cada passo que dava o Arcebispo Lázarus empenhava-se em afastá-lo e aborrecê-lo por questionar os atos de seu rei. Quando a tensão entre eles tornou-se insuportável, Lázarus acusou Lachdanan de traição ao Reino. Para os sacerdotes e cavaleiros da corte de Leoric, a possibilidade de Lachdanan cometer traição era ridícula. Seus motivos eram honrados e justos e então muitos começaram e duvidar da razão de seu antes amado rei.

A loucura de Leoric ficava mais óbvia a cada dia que passava. Percebendo que os conselheiros da corte suspeitavam cada vez mais da falsa acusação, Lázarus tentou desesperadamente manter a situação. O Arcebispo astutamente convenceu o desequilibrado rei que o reino de Westmarch conspirava contra ele, planejando depô-lo e anexar Khanduras às suas próprias terras. Leoric explodiu de raiva e convocou seus conselheiros. Manipulado pelo Arcebispo, o paranóico governante declarou estado de guerra entre Khanduras e Westmarch.

Leoric ignorou as advertências e amolações de seus conselheiros e ordenou ao exército real que se dirigisse ao norte para engajar-se em uma guerra na qual não acreditava. Lachdanan foi designado por Lázarus como líder das tropas de Khanduras contra Westmarch. Ainda que Lachdanan discutisse contra a necessidade deste conflito, estava obrigado por honra a submeter-se à vontade do rei. Muitos dos altos sacerdotes e oficiais também foram obrigados a viajar para o norte como emissários em assuntos de urgência diplomática. O desesperado ardil de Lázarus havia alcançado seu objetivo, obrigando que muitos dos conselheiros mais problemáticos fossem enviados a uma morte certa...



"A Decadência de Tristram"

A ausência dos devotados conselheiros e sacerdotes deixaram Diablo livre para assumir o controle absoluto sobre a já abatida alma do rei. Quando o Senhor do Terror tentou reforçar seu domínio sobre o rei louco, percebeu que o persistente espírito de Leoric ainda lutava contra ele. Embora o controle que Diablo mantinha sobre Leoric fosse formidável, o demônio sabia que em seu débil estado jamais conseguiria dominar completamente sua alma, mesmo que um traço de suas vontades ainda permanecesse nela. O senhor demônio buscou então um hóspede novo e inocente no qual pudesse implantar seu terror.

O demônio abandonou seu domínio sobre Leoric, mas sua alma permaneceu corrompida e sua mente descontrolada. Diablo começou a buscar por toda Khanduras o veículo perfeito para ser seu braço no mundo dos mortais e encontrou tal alma facilmente ao seu alcance. Impulsionado por seu amo das trevas, Lázarus seqüestrou Albretch - filho único de Leoric - e arrastou o aterrorizado jovem para as profundezas do labirinto. Preenchendo a indefesa mente da criança com a pura essência do terror, Diablo facilmente possuiu o jovem Albretch.

Dor e fogo percorriam a alma do menino. Um desalmado domínio infestou sua cabeça e nublou seus pensamentos. Paralisado pelo medo, Albretch sentiu a presença de Diablo em sua mente e quanto mais tentava libertar-se, mais profundamente as trevas se alojavam. Diablo observava ao redor através dos olhos do jovem príncipe. Um incontrolável desejo continuava torturando o demônio pelo seu frustrado intento de controlar Leoric, mas os tormentos da criança eram suficientes para satisfazê-lo. Alcançando as profundezas do subconsciente de Albretch, Diablo descobriu os mais terríveis temores do menino e os trouxe à realidade.

Albretch observava, como se saídas de seus pesadelos, as retorcidas e desfiguradas formas que apareciam ao seu redor. Sacrílegas e moribundas visões de terror dançavam ao seu redor cantando coros de obscenidades. Todos os monstros que alguma vez havia imaginado ou acreditado existir em toda a sua vida, tornaram-se reais e vivos diante dele. Enormes corpos de rocha viva emergiam dos muros e inclinavam-se diante de seu amo sombrio. Os antigos e esqueléticos cadáveres dos Horadrim levantaram-se de suas arcaicas criptas e desapareceram pelos corredores lavados com sangue. Enquanto a cacofonia de loucuras e pesadelos desferia seu golpe final contra o enfraquecido espírito de Albretch, os monstros e demônios de sua mente, sedentos de sangue, reuniram-se como maníacos nos corredores do seu despertar.

As antigas catacumbas dos Horadrim haviam se transformado num retorcido labirinto de terror concentrado. Incentivados pela possessão do jovem Albretch por Diablo, as criaturas da própria imaginação do menino haviam ganhado forma corpórea. Tão poderoso era o terror que crescia dentro de Albretch, que as fronteiras do reino mortal começaram a se retorcer e romper. O inferno ardente começou a infiltrar-se no mundo dos homens e a enraizar-se no labirinto. Seres e acontecimentos esquecidos pelo tempo e espaço, há muito ouvidos pela história do homem, foram surgindo em meio a gritos agonizantes que mostravam um domínio em constante expansão.

O corpo de Albretch, totalmente possuído por Diablo, começou a distorcer-se e mudar. O pequeno menino cresceu e seus olhos brilharam, enquanto espinhos ósseos despontavam atravessando sua carne com uma agonia jamais sentida por um humano. Grandes chifres retorcidos surgiram do crânio de Albretch enquanto Diablo alterava a forma do menino para igualar-se à de seu corpo demoníaco. Nas profundezas dos corredores do labirinto, um poder crescente estava sendo controlado. Quando chegasse a hora, Diablo invadiria mais uma vez o mundo mortal e libertaria seus irmãos aprisionados, Mephisto e Baal. Os Demônios Primários se reuniriam e reivindicariam seu lugar por direito no inferno.




"A Queda do Rei Negro"


A guerra contra os exércitos de Westmarch terminou em uma horrível matança. Com as tropas de Khanduras sobrepujadas pela superior força numérica e as posições defensivas de Westmarch, Lachdanan reuniu rapidamente todos aqueles que não haviam sido assassinados ou capturados e ordenou a retirada rumo à segurança de Khanduras. Retornaram apenas para encontrar a aldeia de Tristam mergulhada no caos.
O rei Leoric, ultrapassando os limites da loucura e do juízo, ficou enraivecido quando soube que seu filho havia desaparecido. Além de destroçar a aldeia com os poucos guardas que permaneceram com ele no monastério, Leoric estava convencido que os aldeões haviam raptado seu filho e o escondido em alguma parte. Embora os aldeões negassem ter conhecimento do paradeiro do Príncipe Albretch, Leoric insistia que eles tinham elaborado alguma conspiração contra ele, e que pagariam um alto preço por tal traição.

O misterioso desaparecimento do Arcebispo Lázarus deixou o rei sem ninguém com quem aconselhar-se. Vencido pela ira e pela demência, Leoric mandou executar muitos dos aldeões por crime de alta traição.

Quando Lachdanan e seus companheiros sobreviventes regressaram para enfrentar seu rei, Leoric enviou contra eles seus poucos guardas que restavam. Crendo que Lachdanan era de alguma forma parte da conspiração, Leoric decretou que ele e sua companhia deviam morrer.

Lachdanan, dando-se conta finalmente de que Leoric estava além de qualquer salvação, ordenou que seus homens se defendessem. A batalha os levou até os salões do escuro monastério, levando a definitiva profanação ao até então sagrado santuário dos Horadrim. Lachdanan conquistou uma amarga vitória e seus homens foram obrigados a assassinar todos os protetores de Leoric. Encurralaram o demente rei no interior de seu próprio santuário e lhe pediram que justificasse as atrocidades que havia cometido. Leoric limitou-se a cuspir e acusá-los de traição à coroa e à Luz.

Lachdanan caminhou lentamente até o rei, e inundado pela pena e pela ira, desembainhou sua espada. Com toda sua honra dispersada, enterrou-a no coração negro de Leoric. O então nobre rei lançou um sobrenatural grito de morte, e enquanto sua loucura por fim o vencia, lançou uma maldição sobre todos aqueles que o haviam traído. Invocando as forças da escuridão que combateu durante toda sua vida, Leoric sentenciou Lachdanan e os outros à condenação eterna. Em um último e volátil momento, no coração do monastério, tudo aquilo que alguma vez fora virtuoso e honrado para os protetores de Khanduras, perdeu-se para sempre.

"O Reino de Diablo"

O Rei Negro estava morto, assassinado pelas mãos de seus próprios sacerdotes e cavaleiros. O jovem príncipe Albretch continuava desaparecido, e os orgulhosos defensores de Khanduras já não eram mais. O povo de Tristam viu sua cidade sem vida e sentiu-se debilitado. Abatidos por sentimentos de alívio e ressentimento, logo se deram conta de que seus problemas não haviam terminado ainda. Estranhas e fantasmagóricas luzes surgiram nas escuras janelas do monastério. Criaturas disformes de pele escamosa saíram de dentro das sombras da igreja. Horríveis gritos de dor ficaram suspensos no ar, emanados das profundezas da terra. Era evidente que algo sobrenatural havia infestado o lugar antes sagrado...

Os viajantes dos caminhos que rodeavam Tristam foram atacados por ladrões encapuzados que agora pareciam cavalgar constantemente pela paisagem deserta. Muitos aldeões fugiram de Tristam, dirigindo-se a outras aldeias ou reinos, temendo um mal inominável que parecia esconder-se nas sombras que os rodeavam. Os poucos que ficaram raramente saiam de casa durante a noite e jamais pisavam no terreno do monastério maldito. Os rumores sussurrados de pobres e inocentes pessoas raptadas durante a noite por horríveis criaturas de pesadelo, percorriam as salas das tavernas locais. Sem rei, sem lei e sem exército que os defendesse, muitos dos aldeões começaram a temer um ataque das coisas que agora habitavam os subterrâneos de sua aldeia.

O Arcebispo Lázarus, machucado e desalinhado, voltou de sua ausência e assegurou aos aldeões que ele próprio havia sido atacado pelo crescente mal do monastério. Com a desesperada necessidade de segurança nublando seu bom juízo, os aldeões foram convertidos por Lázarus em uma massa frenética. Lembrando-os que o príncipe continuava desaparecido, convenceu muitos deles a descer até as profundezas do monastério em busca do menino. Reuniram tochas e logo a noite iluminou-se com a fraca luz da esperança. Armaram-se com paus, ferramentas e foices e assim preparados, seguiram cegamente ao traiçoeiro Arcebispo até a feroz entrada do inferno...

Os poucos que sobreviveram ao destino que os aguardava, voltaram a Tristam e contaram o que puderam de seu transe. Suas feridas eram terríveis e nem mesmo a habilidade do curandeiro foi suficiente para salvar alguns deles. À medida que as histórias de demônios se alastravam, um profundo terror primário começou a consumir os corações dos aldeões. Era um terror que nenhuma deles jamais havia conhecido...
Nas profundezas do labirinto que havia abaixo das pedras do monastério em ruínas, Diablo regozijava-se com o medo dos mortais que estavam sobre ele. Lentamente ele banhou-se nas acolhedoras trevas e começou a reunir seu imenso poder. Sorria para si mesmo na confortante escuridão, porque sabia que o momento de sua vitória final se aproximava rapidamente...


A origem das Pedras das Almas
Por Jered Cain dos Horadrim

Há muito tempo, o enigmático arcanjo Tyrael nos ofereceu os segredos das misteriosas Pedras das Almas. Tyrael legou a nossa ordem três destas pedras para que pudéssemos conter as essências vis dos Três Males principais que haviam sido soltos pelo nosso mundo. Embora os artefatos tenham sido construídos em reinos longínquos, descobrimos que eles eram fáceis de entender.

As Pedras das Almas afetam somente seres incorpóreos e, por isso, não tem poder algum sobre as criaturas vivas. Quando invocadas, as pedras dão à luz um forte vácuo “espiritual”. Quaisquer entidades não-fisicas capturadas neste vácuo são atraídas para os recessos escaldantes da pedra e ficam aprisionadas para sempre. Esses espíritos só são libertados quando a pedra é desativada ou destruída.

O poder das Pedras das Almas mostrou-se muito mais difícil de empregar quando usado contra os grandes Males principais. Vorazmente dispostos a apossar-se dos desafortunados mortais, os Três Irmãos descobriram que eram imunes aos efeitos das pedras enquanto ocupavam almas humanas. Infelizmente, fomos forçados a caçar e matar vitimas inocentes dos Males principais, a fim de que suas essências demoníacas pudessem ser sujeitadas aos efeitos das Pedras das Almas.

Mephisto e Diablo, uma vez encontrados, foram facilmente atraídos para dentro das Pedras das Almas. A captura de seu irmão Baal, no entanto, tornou-se complicada quando a Pedra das Almas que deveria ser sua prisão eterna foi estilhaçada e fragmentada. Descobrimos que, embora os fragmentos ainda tivessem o poder de atrair os demônios, não podiam mais conte-los apropriadamente. Tal Rasha, um irmão iniciado que desde então foi imortalizado nas tradições dos Horadrim, teorizou que um mortal com uma tremenda força de vontade poderia conter Baal dentro de sua própria alma mortal. Este sacrifício significava que a essência de qualquer mortal escolhido para este propósito seria torturada para sempre enquanto presa num conflito eterno com o demônio cativo. A este fim, Tal Rasha ofereceu-se para conter o furioso senhor da destruição.

Perfurando seu peito com um caco da Pedra das Almas, Tal Rasha introduziu em si mesmo a essência de Baal, o senhor da destruição. O iniciado foi algemado, acorrentado e enterrado no fundo de uma tumba sob o deserto. O sacrifício de Tal Rasha manteve Baal aprisionado por muitos anos, mas apesar de o demônio ter sido capturado sem o uso de uma pedra inteira, acreditamos que nossa vitória seja superficial. Se Tal Rasha conseguir um dia escapar, os formidáveis poderes de Baal serão adicionados aos seus próprios. Ao livrarmos o mundo deste Mal, é possível que tenhamos criado um pesadelo pior do que aquele que pensávamos primeiramente haver contido…

Ass. Jered Cain.

Epílogo

Na primeira aventura o jovem filho do Rei Leoric havia sido capturado na cidade de Tristram, levando seu pai à loucura em sua busca e todo o seu exército e a cidade de Tristram à danação no processo. Durante o decorrer da história, através dos tomos que você fatidicamente encontraria pelo caminho, histórias mais aterradoras seriam contadas, como a Guerra do Pecado, as Pedras das Almas, A História dos Três e, mais especificamente, sobre Diablo.

Entrando no inferno com determinação, o herói finalmente conseguiu chegar a Diablo, que estava fraco e incapaz de manifestar a maior parte de seus poderes devido ao corpo frágil no qual se manifestara, o do jovem príncipe capturado. Mesmo assim, as hordas de inimigos demoníacos e a fração do poder do grande Senhor do Terror foi mais que suficiente para exigir o máximo do grande herói, que depois de muito combate conseguiu derrotar a fera maligna.

No entanto, a Pedra da Alma que aprisionava a essência de Diablo estava danificada, e não mais poderia conter o demônio. Num ato de desespero, o grande herói optou pelo sacrifício e enterrou a pedra da alma em sua fronte, esperando ser forte o suficiente para conter tal mal. Que o corpo do heróico lutador fosse a prisão eterna do Senhor do Terror!

E foi assim que Diablo venceu.



O Novo Começo

Cego perante o objetivo de acabar com o mal que assolava Tristram, o herói não conseguira perceber que ele havia feito exatamente o que Diablo planejara. Mesmo que o grande herói fosse forte o suficiente para conter um demônio primordial, no fim ele ficaria velho e fraco, e esta seria a hora em que ele começaria sua ofensiva final, e a humanidade estaria perto do xeque-mate.

E o planejado dia chegou. Com o espírito enfraquecido, a possessão do corpo do herói, agora uma amargurada criatura de alma condenada, ficou possível. Manifestando uma pequena fração de seus poderes e destruindo parte de um vilarejo, Diablo toma o controle e faz a sua próxima jogada, viajando para o leste.

Não é preciso enxergar muito longe para descobrir os reais objetivos dessa jornada. A leste de Tristram, nas cidades de Lut Gholein e Kurast, encontram-se mais duas Pedras das Almas, contendo as essências dos irmãos de Diablo: Baal e Mephisto. Libertando os irmãos, os três demônios primordiais reinariam absolutos sobre o mundo, trazendo o inferno aos humanos.



Os Guardiões do Ódio

Uma carta ao Arcebispo Lazarus escrita por Sankekur, Que-Hegan, Supremo Patriarca da Igreja Zakarum:

Fiel Lazarus,

Eu lhe escrevo para tratar de minha crescente preocupação a respeito de sua recente petulância e de seus companheiros Arcebispos. Durante os últimos meses, eu tenho testemunhado um certo obscurecimento de seus espíritos, que mal posso compreender. Você e seus confrades são os Primeiros dentre os Escolhidos da Luz. Se nossos serventes e seguidores suspeitarem de alguma brecha na autoridade entre nós, eu temo que possamos perder muito do controle que ganhamos sobre esta terra velha e problemática.

Nós fomos encarregados, há muito tempo, de vigiar e proteger Kurast e seu povo. Como você bem sabe, é nosso dever espalhar a glória da Luz a todos os cantos do mundo conhecido, seja ela bem-vinda ou não. Mas o mais importante, os Horadrim confiaram a nossa Igreja a manutenção das proteções que mantêm nosso hóspede sombrio acorrentado sob a Cidade Templo. Já que sua única responsabilidade tem sido salvaguardar a Pedra da Alma de Mephisto, eu devo estar curioso para saber se talvez sua tarefa macabra não esteja afetando seu nobre espírito de alguma forma maligna.

Seja qual for a causa de suas recentes rebeliões contra minhas decisões, eu desejo ver você e seus Arcebispos em um conselho imediatamente. Se não tem forças no coração para comprir seus deveres como um verdadeiro Servo da Luz, então eu encontrarei alguém para substituí-lo. O encarceramento do Senhor do Ódio é primordial para a segurança e futuro da Igreja Zakarum. Eu não quero ver a Igreja ameaçada pela mesquinhez e inveja de seus servos. Estarei lhe esperando.

Sankekur,
Que-Hegan



O Encarceramento da Destruição

Trecho do diário do Mago Vizjerei, Nor Tiraj, Acólito dos Horadrim

No qüinquagésimo oitavo dia de nossa campanha, nós apanhamos Baal perto do antigo porto da cidade de Lut Gholein. Nós perseguíramos o grande Senhor da Destruição o tempo inteiro desde as terras de Kehjistan, alguns meses atrás. Nosso líder, Tal Rasha, acreditava que Baal tinha seguido para o norte, rumo às frias terras de Scosglen, mas por algum motivo o demônio preferiu perder a vantagem e se refugiar na cidade areenta.

Querendo evitar um confronto onde inocentes sairiam feridos, Tal Rasha nos ordenou que não atacássemos enquanto Baal não tivesse atravessado os portões da cidade. Nós esperamos e observamos por três dias antes da criatura traiçoeira emergir de Lut Gholein. Seguindo para o norte, como Tal Rasha havia previsto, Baal caminhava mais uma vez. Antes que ele tivesse viajado mais do que algumas milhas no deserto local, estávamos diante dele. Usando os feitiços mais poderosos que conseguíamos lançar, nós abatemos o grande Senhor da Destruição e o forçamos desistir diante de nós.

O demônio enraivecido extravasou toda a fúria de seus poderes. A própria terra explodiu sob nossos pés, tragando muitos de nossos companheiros. Fogo saltava das rochas fendidas e queimava vários outros. A destruição se espiralava ao nosso redor em todas as formas conceptíveis, mas nós viajamos demais para acabar assim. Enfraquecido por seus esforços, Baal lançou um golpe final contra Tal Rasha; contudo, o mago praticamente não sofreu nenhum arranhão. Infelizmente, a Pedra da Alma sagrada dada pelo Arcanjo Tyrael foi quebrada em vários pedacinhos. Cambaleando de pânico, nós fortalecemos nosso ataque e tivemos êxito em subjugar temporariamente o demônio enfurecido.

Sabendo que os fragmentos quebrados da Pedra da Alma não seriam o bastante para conter a essência poderosa de Baal, Tal Rasha rapidamente arquitetou um plano irracional para conter o demônio para sempre. Com uma luz fervorosa nos olhos, ele caminhou friamente sobre a forma estremecida de Baal e cortou a garganta da criatura. Assim que o espírito de Baal fugia do corpo agonizante, Tal Rasha pegou o maior dos fragmentos da Pedra da Alma e o apertou contra a ferida aberta. Como aconteceu com Mephisto, o espírito de Baal foi sugado para dentro das reentrâncias vazias do fragmento dourado e aprisionado. O fragmento pulsava e agitava, pois era incapaz de manter controlados seus terríveis conteúdos. Embora tenhamos questionado seu raciocínio, Tal Rasha parecia certo de que o fragmento conteria Baal até completarmos nossa tarefa.

Neste momento, o Arcanjo Tyrael apareceu e fitou Tal Rasha com seu olhar penetrante. O semblante vislumbrante do anjo era de uma beleza além da compreensão, e eu me lembro claramente dele sussurrando para Tal Rasha, "Seu sacrifício será lembrado por muitos anos, nobre mago." Com o fragmento dourado na mão, Tyrael nos levou a uma série de cavernas secretas mergulhadas nas profundezas sob as areias causticantes do deserto. Lá encontramos sete tumbas antigas construídas por algum povo há muito esquecido. Nossa procissão macabra parou na última e enorme galeria, e Tyrael nos mandou construir uma pedra de ligação no centro da câmara. Foi só então que eu percebi o que ele e Tal Rasha tinham em mente...

Nós gravamos poderosas runas de retenção na pedra de ligação e usamos nossas magias para forjar correntes inquebráveis nas paredes da câmara. Assim que as preparações estavam completas, Tal Rasha ordenou que o algemassem e ligassem a pedra. Para o nosso horror, Tyrael caminhou em frente e brandiu o fragmento brilhante diante de si. Antes que qualquer um de nós pudesse reagir, o Arcanjo fincou o fragmento no peito desnudo de Tal Rasha. Chamas douradas luziam dos olhos de Tal Rasha enquanto o Senhor da Destruição fluía violentamente em seu corpo convulso. Nossas bocas abriram de medo enquanto a compreensão do que aconteceu se consolidava em nossas mentes. Tal Rasha havia feito o sacrifício final: ele ficaria acorrentado para sempre, condenado a combater o espírito sórdido de Baal até o fim dos tempos.

Pesarosamente, nós voltamos para a luz do sol e assistimos Tyrael fechar a gigantesca porta da tumba para sempre. O último som a escapar da tumba fria foi um grito que não veio deste mundo. Eu rezo para que o sacrfício de Tal Rasha não tenha sido em vão. Eu rezo para que o mal enterrado sob as areias do deserto continue preso até que os homens esqueçam de que alguma vez já houve demônios que caminhavam entre eles.



Manuscrito de Deckard Cain

Um trecho dos manuscritos de Deckard Cain - o úlimo dos Horadrim:

Lamentavelmente, eu era o único homem em Tristram que sabia sobre a Pedra da Alma enterrada sob o antigo Monastério. Como o último descendente dos Horadrim, eu sozinho sei a verdade sobre o que a pedra vermelha prende dentro de si. Talvez se eu disser a todos eles sobre isto, nossa pacata vila seja poupada. Talvez esta horrível cadeia de eventos possa nunca acabar.

Na verdade, eu suspeito que foi o Arcebispo Lazarus quem primeiro se deixou consumir pelo poder ardente da Pedra da Alma. Ele foi enviado de Kurast como um embaixador da Igreja Zakarum. Mascarado pela Luz, como ele era, ninguém nunca suspeitaria da traição que ele mostrou ser capaz de fazer. Aparentemente, foi ele quem descobriu a pedra vermelha dentro do labirinto sob o Monastério... e a rompeu.

Seja por loucura ou por obediência a alguma ordem traiçoeira, Lazarus liberou sobre nós um horror indescritível. Diablo, o Senhor do Terror, que foi aprisionado dentro da Pedra da Alma por meus ancestrais, foi liberto mais uma vez. De alguma forma, Diablo usou seus poderes infernais para transformar o úmido labirinto em um portal que levava diretamente para o Inferno. Seus servos assassinos passaram a habitar ali e esperar por qualquer um tolo o bastante para adentrar suas alcovas tenebrosas. Nosso próprio nobre soberano, Rei Leoric, cedeu à influência de Diablo e deslizou até as profundezas da loucura e do medo. Enquanto nosso Rei enlouquecido apertava nossas terras com uma mão de ferro, seu único filho, Príncipe Albrecht, foi seqüestrado por Lazarus e desapareceu dentro das ruínas do Monastério. Nós vimos as figuras negras sob a terra começarem a se aventurar na nossa vila, aterrorizando a todos que preferiram ficar. Aqueles foram dias sombrios para todos nós...

De dia nós cuidávamos de nossas plantações como sempre fizemos, tentando em vão ignorar o crescente senso de terror que emanava do Monastério em ruínas. À noite, nós nos amontoávamos com nossas famílias e rezávamos para que a luz do amanhecer viesse. Depois do que parecia ser uma eternidade, finalmente sentíamos um gostinho de liberdade.

Um mar de heróis e aventureiros de todo o mundo veio investigar os rumores que ouviram sobre o mal que crescia em Tristram. Alguns vieram atrás de fortuna e glória, enquanto outros queriam testar a si mesmos contra as bestas misteriosas que dormiam sob a terra. Até mesmo Feiticeiros do antigo Clã de Magos Vizjerei vieram estudar o mal que despertou por aqui. Embora os muitos aventureiros tenham quase secado os suprimentos de nossa vila, todas as nossas esperanças de salvação estavam sobre seus ombros.

Havia um guerreiro entre eles; um homem quieto e pensativo, que ficava separado do resto. Nenhum de nós chegou a saber seu nome, ou a trocar mais que algumas palavras com ele. Contudo, ele radiava uma calma e concentração que desanimava mesmo o mais bravo dos outros supostos heróis. Foi este misterioso guerreiro que lutou até as mais profundas galerias do labirinto. Foi ele quem finalmente derrotou sozinho o Senhor do Terror em combate.

Quando eu fecho meus olhos, posso ouvir o torturado grito de morte de Diablo ecoar em meus ouvidos. Ele bramiu ao emergir das profundezas da terra e arrebentou as janelas do velho Monastério. Pode ter sido só minha imaginação, mas eu me lembro claramente do som de uma jovem criança gritando no meio do rugido angustiado.* Os ecos daquele grito ainda torturam as poucas horas de sono que sou capaz de ter.

Eu ainda lembro da visão do guerreiro quando ele atravessou a soleira da porta do Monastério e caminhou sob a luz do sol. Ele tinha a aparência de quem havia acabado de passar pelo Inferno, e quem pode dizer?... Talvez tenha mesmo. Ele estava coberto tanto pelo próprio sangue quanto pelo de seus inimigos. Porém, misteriosamente, meu olho se voltou para uma estranha ferida na sua testa. Parecia que ele de alguma forma havia arrancado algo sobre seus olhos, embora a ferida aparentasse já estar curada. Eu nunca tive a chance de perguntá-lo sobre isso.**

É suficiente dizer que nós acreditamos que nossa vila havia sido salva, e demos todo tipo de recompensa para o herói sem nome. Apesar de todos os louvores e cerimônias que lhe foram dados, ele afundava cada vez mais em uma profunda e pensativa depressão. Eu podia apenas imaginar os horrores entorpecentes que ele viu sob a terra escura. Eu podia apenas especular sobre como isso afetou seu coração e sua mente.

Ele esteve entre nós por um tempo. Ele não tinha família nem um lugar para ir, então pareceu lógico que ele seria bem-vindo em Tristram. Embora fosse cordial com aqueles que se aproximavam dele, ele às vezes se recolhia e raramente saía da casa que lhe demos. Ogden sugeriu que fizéssemos uma celebração, na esperança de que a bebida forte e a boa compania o tirasse de seu sombrio humor. Estávamos enganados. Em algum momento da celebração, ele saiu de modo despercebido sem nos falar nada. Mais tarde, na mesma noite, eu fiz uma visita a sua casa. Nada teria me preparado para o que vi ali.

O homem sem nome sentava sozinho à porta de casa, murmurando para si mesmo em diferentes idiomas, muitos dos quais não eram usados há séculos. Ele havia vestido uma escura capa de viagem, e o fundo capuz se projetava sobre seu rosto. Quando ele se virou para mim, a luz iluminou suas feições torturadas, revelando o semblante distorcido de um homem que não era mais ele mesmo. Seus olhos brilhavam com uma neblina carmim e uma misteriosa luz vermelha pulsava das profundezas do capuz. A ferida em sua testa havia aberto... E eu pensei ter visto... Não, provavelmente foi só um truque de luz brincando com a demasiadamente ativa imaginação de um velho.***

Eu perguntei a ele se estava bem, mas ele apenas continuou falando desconexamente. Eu estava completamente debilitado por toda a cena e me convenci a deixá-lo ali para trazer ajuda, quando de repente ele voltou à atenção e falou com uma voz gélida que encheu meu coração com um temor paralizante. "Chegou a hora de abandonar este lugar. Meus irmãos me esperam no Leste. Suas correntes não os prenderão por mais tempo." Eu não tinha idéia de sobre o que ele estava falando. Todos nós tínhamos a impressão de que ele não tinha família. Contudo, vendo que ele havia voltado a seus sentidos, eu decidi ir embora e deixá-lo descansar. De fato, naquele momento, eu estava aterrorizado por ele e queria escapar de seu olhar causticante. Foi a última vez que o vi.

Nosso herói sem nome deixou Tristram logo cedo na manhã seguinte. Em segredo, ele se voltou para as passagens do leste com apenas um punhado de provisões e sua vigorosa espada. Eu posso apenas supor em busca do que ele se foi. Pouco depois de sua partida, nossos piores pesadelos se tornaram realidade. Os servos demoníacos do Inferno voltaram a Tristram.

Como se vê por eu estar escrevendo isto, fui o único que restou com vida. Tenho evitado as bestas repugnantes durante muitas noites, mas eu sei que meu tempo está acabando. Por que eles voltaram e por que assassinaram tantos inocentes, eu nunca saberei. Tudo do que eu tenho certeza é que a chegada deles está de alguma forma ligada à partida do sem-nome... Eu escrevi tudo isto na esperança de que alguém encontre estas passagens e tente fazer justiça ao que aconteceu aqui. Eu imagino que a minha vida acabará logo, mas talvez estes escritos evitem que esta tragédia ocorra em outros vilarejos; outras terras. Eu ficarei aqui até chegar ajuda, ou até as criaturas finalmente me pegarem. Que os Céus me ajudem. Mesmo depois de tudo o que aconteceu, eu não posso me deixar abandonar este lugar sombrio.

Procure o Errante sem nome. Descubra o que ele está procurando. Eu temo que Tristram tenha sido só o primeiro de muitos vilarejos a serem consumidos pelo mal que ele enviou ao combate.


* O grito que Cain ouviu pertencia a Albretch, cujo corpo servia de a Diablo como hospedeiro no plano mortal. Albrecht foi morto com Diablo quando o herói matou o demônio do fim de Diablo I.

** A ferida é o resultado de quando o herói fincou a Pedra-d'Alma de Diablo na própria cabeça numa tentativa de conter o Senhor do Terror. Infelizmente, Diablo corrompeu o herói durante sua descida ao lar do demônio, e discretamente o convenceu a prendê-lo dentro de si mesmo. Isto se encaixa ao plano dos Três Demônios Primordiais, que é revelado no Ato IV do Diablo III.

*** Cain deve ter visto a Pedra-d'Alma de Diablo na testa do herói. Sabendo o que a pedra era, ficou horrorizado ao vê-la.



A Vinda do Senhor da Destruição

"E uma criança abrigará o Terror em seu peito
quando o coração do homem cair sob as trevas.
Um Errante passará pelas terras antigas deixando o caos atrás de si.
Os Três Irmãos serão reunidos e o mundo mortal tremerá diante de seu poder.
E assim foi previsto que os Três, uma vez reunidos, seriam despedaçados novamente –
e o último deles lançaria a vista sobre o monte sagrado. Os prenúncios diziam que
Sua derrota seria ilusória – que a rodada final ainda estava por ser jogada…”

+ + +

“E agora, por fim, a tempestade avança das terras do sul, e a mão da Destruição
estende-se para desfazer as obras dos Ancestrais.
As ondas do Inferno se erguem – prontas para esmagar as praias do mundo mortal –
para afogar igualmente os culpados e os inocentes.”

–Trecho das Profecias do Último Dia



O Último Testamento de Ord Rekar

Eu antes acreditava.

Outros me procuravam em busca de força, pois a minha fé era um pilar na casa dos Anciões. Eu antes acreditava em algo maior do que eu mesmo; acreditava que os fiéis seriam recompensados e o mal seria punido.

Eu acreditava que as Profecias do Último Dia fossem meras superstições, e que, mesmo que elas fossem dignas de algum crédito, como nossos ancestrais acreditavam, os acontecimentos de que falavam nunca viriam a se concretizar no nosso tempo.

Fui um tolo.

Os deuses não revelaram a mim o seu plano divino, e não me abençoaram com o seu apoio. Mas estou certo de um fato terrível: finalmente, as profecias começaram a se cumprir.

Primeiro houve Tristram…

Diablo, o Senhor do Terror, lançou sua sombra sobre o pacato vilarejo e soltou seus servos demoníacos pelos campos. Muitos heróis valorosos se ergueram para desafiar a ira de Diablo e caçaram o senhor dos demônios pelas profundezas da própria terra. Foi apenas pela graça da Luz que eles venceram a hoste mortal de Diablo e arruinaram os seus planos hediondos.

O Senhor do Terror parecia ter sido derrotado, e meu coração encontrou alívio nessa afirmação da minha fé… mas, oh, o pesadelo estava apenas começando.

De alguma forma, o espírito terrível de Diablo sobreviveu e se apossou do próprio herói que o havia abatido. Sob o disfarce do misterioso Errante, Diablo entrou em ação para libertar seus irmãos, Baal e Mephisto, de sua prisão no Oriente.

Da mesma forma que antes, um novo grupo de heróis surgiu para se contrapor aos propósitos sombrios de Diablo. Embora o Senhor do Terror tenha conseguido libertar seus irmãos, sua reunião foi breve. Os heróis mortais derrotaram Mefisto e caçaram Diablo até as profundezas do inferno. Apenas Baal, o Senhor da Destruição, escapou…

Uma vez mais, parecia que a justiça havia vencido. Cego como eu era, agarrei-me ao caminho dos justos, acreditando que, talvez, tudo por fim estivesse bem… que o pesadelo tivesse dado lugar a um sonho de paz.

Mas a praga do mal persiste, e eu… estou cada vez mais cansado.

Pois o pesadelo começou de novo.

Baal ressurgiu e, atrás dele, marcha o enorme Exército da Destruição. Ele juntou uma legião de demônios que encontram prazer na violência e no caos desenfreado e dirigem-se diretamente para nós… diretamente para a montanha sagrada que nossos ancestrais juraram proteger. É evidente que Baal vem atacar Arreat à procura do Coração do Mundo. E a minha fé, antes inabalável, está agora perturbada em sua própria essência.

As profecias que falavam desse dia por fim se realizaram. A ruína chegou ao nosso mundo.

Como eu disse, meus irmãos, estou cansado. Não tenho dúvida de que o Mal existe. Eu o vi com os meus próprios olhos; eu vi a sua crueldade. Mas não é cruel que os deuses tenham nos dado esperança apenas para frustrar essa esperança repetidamente?

Em minha juventude, tentei me preparar o melhor possível para esse evento. Essa foi, durante certo tempo, a própria razão de minha existência. Mas agora que o momento chegou, sinto-me velho. Sinto medo. Sinto que perdi a minha força.

Confesso que a minha fé já não guia o meu caminho. É com o coração amargurado que me despeço de vocês, meus irmãos. Eu poderia dizer que rezarei por vocês, mas minhas orações cairiam em ouvidos surdos.

Que vocês possam, um dia, encontrar a verdade, e que essa verdade, finalmente, lhes traga a liberdade.

Pesarosamente,


Ord Rekar
Ancião de Harrogath



O Diário do Ancião Aust

Trecho do Diário do Ancião Aust de Harrogath

3º dia de Montaht, Lauds

Minha querida Elora,

Há dez longos anos você foi tirada de Anya e de mim. Em minha mente, ainda vejo seu belo rosto e me lembro dos dias mais felizes que passamos juntos. Conforta-me escrever e imaginar que, de alguma forma, você está lendo isto. Talvez não demore para eu me unir a você na outra vida.

O tempo de nosso povo aqui em Harrogath está chegando ao fim. Recentemente, nossa vidente, Caldra, foi afligida por aterrorizantes visões da nossa ruína. Ontem à noite, toda a aldeia despertou com seus gritos. Quando cheguei à cabana de Caldra, nossa filha Anya já estava lá,
confortando-a. Durante a noite, os cabelos negros da vidente haviam se tornado totalmente brancos. Ela estava em delírio quando entrei no aposento, uivando loucamente e arrancando os cabelos em chumaços ensangüentados.

Custou-nos algum tempo para acalmá-la, mas, mesmo assim, ela parecia apenas uma sombra do que havia sido antes. Não respondia a nenhum de nós diretamente; seus olhos fitavam algum mundo invisível além do nosso. A curandeira, Malah, veio ajudá-la, mas suas tentativas de curar Caldra foram em vão. Nossa torturada vidente não estava doente do corpo, ela havia claramente enlouquecido.


4º dia de Montaht, Sext

Esta manhã, quando chegou a aurora, eu e os outros Anciões mantínhamos vigília sobre a forma comatosa de Caldra, orando para os Antigos por uma orientação. Então, de forma tão repentina quanto havia começado, sua loucura se foi, ou assim nos pareceu. Ela se sentou ereta na cama, com as mechas ralas de seus cabelos antes tão belos descendo pela camisola; seus olhos pareciam brilhar com uma febril luz interior. Ela parecia mais velha do que qualquer Ancião ali presente.

Ela olhou em volta lentamente, fitando cada um de nós, um por um. Com um ligeiro sorriso, quase sarcástico, sussurrou numa voz fraca: “Baal vem… e a destruição o acompanha como uma tempestade”. Desabou, então, sobre a cama e, com um estremecimento, soltou seu último suspiro. Pelos deuses, Elora, enquanto eu ainda respirar, jamais me esquecerei desse terrível presságio.

5º dia de Montaht, Vespers

Se as palavras proféticas de Caldra não foram suficientes para fazer Qual-Kehk e seus homens pegar em armas, as nuvens negras de
fumaça elevando-se ao sul certamente tiveram esse efeito! Deduzimos que um grande exército estava marchando em nossa direção, conduzido por ninguém mais do que Baal, o Senhor da Destruição. Nossos piores temores foram confirmados quando perdemos todo o contato com nossa capital, Sescheron.

Temo o pior, mas deposito minha fé em Qual- Kehk. Ele sempre nos defendeu contra aqueles que tentaram atacar o sagrado Monte
Arreat. É provável que Sescheron tenha sido pega de surpresa – que os Antigos olhem por eles – mas nós, os filhos de Harrogath, nos
mantemos vigilantes. As antigas barricadas e torres de vigia construídas para esse dia estão prontas, como sempre estiveram.

As antigas profecias falam de um dia funesto em que a destruição cairá sobre nós como uma torrente de sangue e fogo, não deixando nada
em sua passagem além das cinzas do nosso povo. Quando olho para os céus enegrecidos no sul, sei que o dia fatídico finalmente chegou


7º dia de Montaht, Matins

Parece que não sou o único que não consegue dormir. Qual-Kehk ainda está preparando seus homens, enquanto eu próprio me preparo. Esta manhã proporei que executemos um dos feitiços druídicos de proteção há muito proibidos. Como Anciões, apenas nós somos capazes de convocar essas tremendas energias. Embora a proteção possa consumir nossas reservas mágicas vitais, faremos o que for preciso para salvar a nossa terra.

Houve um tempo em que nosso povo considerava os Druidas irmãos – mas, depois da terrível Guerra dos Magos, os Druidas foram exilados para as florestas além da nossa terra natal. Desde então, nossos Anciões mantiveram seus temíveis poderes druídicos como um segredo rigidamente guardado.

O perigo de desencadear tais poderes uma vez mais me aterroriza. Se executado incorretamente, o feitiço de proteção poderá consumir a nós todos muito antes da chegada do exército de Baal. Mas, estudei os ritos, e estou seguro de que posso lançar o feitiço de proteção corretamente, com a ajuda do Conselho. A proteção barrará a passagem de qualquer cria do Inferno – até mesmo do próprio Baal. Pretendo
colocá-lo em torno de toda Harrogath.

Para lançar o feitiço dessa maneira, é preciso que todos os sete Anciões se aventurem para fora das muralhas protetoras de nossa cidade. O perigo é grande... Podemos ser todos mortos. Mas, não vejo alternativa. Vou agora levar esse assunto ao Conselho de Anciões reunido.


Compline

Minha reunião com os Anciões foi tão difícil quanto eu imaginei que seria. Eles discordaram veementemente do meu plano. Nihlathak argumentou que teria de haver outra maneira de deter o ataque de Baal, mas, nem ele nem os outros conseguiram oferecer uma boa
alternativa. Cinco dos Anciões acabaram se convencendo de que o meu plano era a única saída. Infelizmente, Qual-Kehk permaneceu irredutível.

Embora Nihlathak tenha concordado relutantemente em participar do feitiço, ele se recusou a me ajudar a convencer Qual-Kehk do mérito de meu plano. Devo admitir que fui intimidado por Nihlathak – embora eu seja mais velho do que ele e tenha posição mais alta no conselho.

Quando pressionei Qual-Kehk a apoiar meu plano, ele se encheu de cólera. Não me lembro de tê-lo visto antes tão irado – nem mesmo quando o seu melhor protegido partiu em busca de aventuras e nunca mais voltou. Mas me mantive firme em minha resolução e, por fim, convenci-o de que só isso poderia assegurar a segurança de Harrogath. Agora mesmo, ele está preparando os seus melhores homens para nos proteger enquanto lançamos o feitiço dos Druidas. No momento em que escrevo isto, ouço os gritos dos moribundos à distância… chamando-nos… zombando de nós. Mas, antes de lançar o que pode ser o meu feitiço final, preciso ver a nossa amada Anya uma última vez.

Aust
Ancião de Harrogath

7º dia de Montaht
1265 Anno Kehjistani